Há poucos dias recebi uma pessoa em meu consultório que pediu para eu falar sobre aceitação, e esta pergunta me fez refletir sobre assunto e quero compartilhar com vocês as conclusões que cheguei.
Primeiro que o termo aceitação é algo que vem se popularizando, e muitas pessoas buscam por essa aceitação de si. Mas a aceitação é relativa, pois posso gostar de algumas coisas em mim e outras não, ou também ter coisas em mim que não me incomodam e o outro achar que aquilo me afeta.
Vou contar um caso que ocorreu comigo uma vez que retrata exatamente isso. Eu estava em uma formação e lembrei-me de algumas coisas na minha história que me fez chorar, mas não falei o que era e uma pessoa chegou até mim e falou: “Tudo bem ser baixinha, isso se resolve com um salto”. Gente! Eu não estava triste por ser baixinha, era algo muito mais profundo, mas depois me dei conta, que essa pessoa também era baixinha e possivelmente era uma dor dela e não minha, ou seja, essa frase ela precisava ouvir para se aceitar com a estatura que tem.
Situações como esta, são comuns, pois é fácil a gente achar que a nossa dor é a dor do outro, mas nem sempre é! Cada um tem uma história particular! Por isso a minha dica de hoje é:
Quando for conversar com alguém, se livre de suas verdades. A história dele é diferente da sua, o que te marcou pode não o ter marcado. E se não saber o que falar, cale, e apenas escute com atenção e amor aquela pessoa.
Naquela época, eu já era formada em psicologia, e por isso resolvi não falar que o que ela tinha falado não cabia à mim. Mesmo porque, diante do grupo, ela ficaria envergonhada e a vergonha nada mais é que o medo da desconexão. Isso mesmo! É o medo de não merecer pertencer ao grupo.
Mas você deve estar se perguntado que em haver a sua aceitação com a opinião dos outros.
E aqui é que se encontra a grande chave da aceitação! Pois as pessoas dizem quererem se aceitar para se sentirem bem consigo mesmo, mas no fundo querem se aceitar para fazer parte de um grupo, a aceitação não seria tão importante se não estivesse preocupado com a opinião do outro, pois no fundo aceitação é apenas um escudo para que a fala do outro não te afete e te machuque; entenda não estou dizendo que se aceitar não é bom, só estou dizendo que se quer se aceitar é porque é para o outro, porque se fosse exclusivamente para você, usaria um termo como se entender, se amar, saber quem você é. Mas aceitar já parte de algo que não é aceito.
Mas essa busca não é só sua e ocorre a milhares de anos. Poucas pessoas sabem, mas nós, seres humanos, buscamos por duas grandes coisas durante a vida;
Ser amado
Ser aceito (validação, reconhecimento).
Por isso, nos afetamos com o que a outra pessoa fala sobre nós, e até mesmo, sobre o que achamos que a outra pessoa pensa sobre nós.
Por isso quando as pessoas me perguntam sobre aceitação sempre incluo o outro, pois o grupo é importante para nós, nossa evolução como espécie dependeu disso. E no fundo a aceitação que a pessoa busca é para demonstrar para o grupo que está tudo bem. O problema é que muitas vezes, para pertencer a um grupo, tentamos nos encaixar. Mas como diz Brené Brown, em uma frase que eu amo muito: “Você foi feito para caber e não para se encaixar”! Então busque um grupo em que se sinta livre para ser quem você é, e falar e se comportar da forma que se sente mais a vontade. Isso sim, é se reconhecer e se aceitar de verdade. Mas para isso você precisa se conhecer primeiro, pois não aceitamos nada que não conhecemos ou tenhamos um pré-conceito.
“Vulnerabilidade não é ganhar nem perder. É ter a coragem de se expor, mesmo sem poder controlar o resultado”
Brené Brown
Seria hipocrisia da minha parte falar de aceitação sem falar de grupo e consequentemente de vulnerabilidade, afinal a vulnerabilidade é o centro da vergonha, do medo e da nossa busca por merecimento, mas também é a origem da alegria, da criatividade, do pertencimento e do amor; todos nós somos sim vulneráveis, pois ser vulnerável é fazer com que as conexões aconteçam e para isso precisamos nos permitir ser vistos, verdadeiramente vistos e isso quer dizer que sim temos diversos tipos de sentimentos não apenas felizes, afinal somos seres humanos e não somos uma espécie tão inteligente por acaso, conseguimos ter empatia e expor o que estamos sentindo, produzimos emoções e devemos aprender a lidar com elas é nosso natural, não se force fingir que não sente, quando na verdade todos sentimos, pois não é possível anestesiar a dor, medo, vergonha, desapontamento, sem anestesiar a alegria, a gratidão e a felicidade. O único caminho para sua aceitação consigo e com o próximo é a coragem, vá mesmo com medo mas se permita se enxergar e enxergar o outro.
E lá vai a segunda dica do dia: você sempre vai ser a pessoa mais critica com você mesmo, então não deixe que seus medos e insegurança te parem, pois vivemos em um caminho de mão dupla.
E antes de se aceitar se conheça, pois só assim conseguirá verdadeiramente se blindar das palavras do outro, pois se sabe que é e ele fala algo que não lhe cabe não precisa aceitar e se ofender, mas caso contrario qualquer coisa poderá lhe afetar, pois se não sabe quem é qualquer apontamento serve.
Autora:
Laís Hack
Psicóloga e Coach de Relacionamentos Pessoal e Interpessoal, com base na teoria Integral Sistêmica e Inteligência Emocional. Além de Analista corporal e comportamental.
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